O PÁROCO NO SANTO OFICIO
Pelo poder do divino
eu te batizo,
não em nome do pai
bêbado,
nem em nome do filho
bandido,
mas por respeito
a tua puta mãe
que te pariu entre
um cigarro e uma canção.
Tu não sabes o como sorria
vendo-te sair pequenininho
de entre as pernas.
Carregou-te no colo
e as luzes e os aplausos se confundiram
na sua última performance.
Beijou-te a fronte,
incumbindo a mim, único pároco,
responsável tanto por batizar
quanto por enterrar,
a alcunha de teu preceptor.
Não te chores por ela ter sido
prostituta...
Chores porque se foi
pois não havia médicos
para putas,
nem emprego, casa, alimento,
cobertor ou moral,
chore pois só havia o mal
e um único pároco para todas elas...