CARNES

Faço da alma, amplo corte que me coze esse corpo,

Onde o louco em lamento depura-me em sofrimento,

Mais do que é certo, me dependuro neste vivo-morto,

Sobrando-me ao encher uma razão sem merecimento.

Vermelha que fico em vergonha nesta exposura,

Ao revelar-me tão sanguinolenta em vis matérias.

Alimento-me de mim nesta eterna e crua loucura,

Doando-me vida, nas quentes curvas das artérias.

Percorro os caminhos que antes eu não quisera conhecer,

O pedaço de mãe que ficou em meu umbigo, já apodreceu!

Um pai... Onde nas esquinas, o jorro do amor fez escorrer;

O peso que eu sou agora, em fatiadas dores me esqueceu.

Setedados
Enviado por Setedados em 23/11/2010
Reeditado em 23/11/2010
Código do texto: T2631440
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