DIA DO PAGAMENTO

Rostos cansados,

suados,

Mãos calejadas,

marcadas,

Traços que o tempo

deixou.

Roupas rôtas, amassadas,

rasgadas.

Sinais de cansaço

Têz rija, de aço,

Que o duro trabalho marcou.

Fila de pagamento.

Angustioso momento

Esperando o salário.

O ganho diário

Mal dá para o pão.

Nas trêmulas mãos

Está o pagamento,

Mas, que pagamento?

Se o que vê é tormento.

E o presente de Maria

Que lhe prometeu um dia

Quando com ela casar?

Até hoje só pode dar

O amor e um barraco para morar.

O pagamento está errado,

Mas quem é o culpado?

A quem reclamar?

Explica o caixa sem geito

O pagamento está feito,

Vá consultar o Fiscal.

E o trabalhador sente-se mal

Clama, resmunga, afinal

Pergunta, em sua andança

Já perdendo a esperança;

De quem é o erro, por favor.

E a moça do caixa responde

Atrás do guichê que a esconde:

É erro do computador.

Ademar de Paula
Enviado por Ademar de Paula em 23/10/2010
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