DIA DO PAGAMENTO
Rostos cansados,
suados,
Mãos calejadas,
marcadas,
Traços que o tempo
deixou.
Roupas rôtas, amassadas,
rasgadas.
Sinais de cansaço
Têz rija, de aço,
Que o duro trabalho marcou.
Fila de pagamento.
Angustioso momento
Esperando o salário.
O ganho diário
Mal dá para o pão.
Nas trêmulas mãos
Está o pagamento,
Mas, que pagamento?
Se o que vê é tormento.
E o presente de Maria
Que lhe prometeu um dia
Quando com ela casar?
Até hoje só pode dar
O amor e um barraco para morar.
O pagamento está errado,
Mas quem é o culpado?
A quem reclamar?
Explica o caixa sem geito
O pagamento está feito,
Vá consultar o Fiscal.
E o trabalhador sente-se mal
Clama, resmunga, afinal
Pergunta, em sua andança
Já perdendo a esperança;
De quem é o erro, por favor.
E a moça do caixa responde
Atrás do guichê que a esconde:
É erro do computador.