O novo calibre do mundo

Não temo o obscuro raio do luar

Que enforca os temores dos sábios

Minha égide, minhas costas largas

Minhas marcas comprovam minha luta

Se pareço frágil, apenas rebato as dores

Com meu punhal erguido

Minhas palavras sempre soam rígidas

Porque a semente que planto é áspera

No vazio provo todas as vertentes

Da dor, do horror, do súbito amor

Ligeiramente aquecido pelo terror

Das bombas que estouram em louvor

Sou portador de uma doença

Calibre dezesseis na mira da cura

Em cima do morro, atrás do muro

Sob a vigília desse mundo

Vejo novas sementes da guerrilha

Caminhando sobre os livros queimados

Cada um com a sua verdade

Cada um com uma nova bagagem

São tão jovens, e o campo de batalha é tão cruel

Vejo a ânsia nos olhos dessa criança

Que deseja amargamente me matar

E muito tempo depois se aprisionar, sem fiança

A escola que pune o erro com a dor

São todos novos predadores em busca de sangue

Voando com suas asas grotescas

São filhos, novos filhos e suas gangues

São pilhas, imensas pilhas de jovens

Mergulhados sobre a maré das drogas

Enfileirados e cheios de orgulho

Retirantes de uma milícia absurda

É a revolução do poder e do sangue

Uma nova novela, em horário nobre

E não vou assistir o seu final

Acabaram de me desligar desse mundo.

Quem sabe agora eu possa sonhar com uma nova revolução!

Igor Magalhães
Enviado por Igor Magalhães em 23/07/2010
Código do texto: T2396068
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