O novo calibre do mundo
Não temo o obscuro raio do luar
Que enforca os temores dos sábios
Minha égide, minhas costas largas
Minhas marcas comprovam minha luta
Se pareço frágil, apenas rebato as dores
Com meu punhal erguido
Minhas palavras sempre soam rígidas
Porque a semente que planto é áspera
No vazio provo todas as vertentes
Da dor, do horror, do súbito amor
Ligeiramente aquecido pelo terror
Das bombas que estouram em louvor
Sou portador de uma doença
Calibre dezesseis na mira da cura
Em cima do morro, atrás do muro
Sob a vigília desse mundo
Vejo novas sementes da guerrilha
Caminhando sobre os livros queimados
Cada um com a sua verdade
Cada um com uma nova bagagem
São tão jovens, e o campo de batalha é tão cruel
Vejo a ânsia nos olhos dessa criança
Que deseja amargamente me matar
E muito tempo depois se aprisionar, sem fiança
A escola que pune o erro com a dor
São todos novos predadores em busca de sangue
Voando com suas asas grotescas
São filhos, novos filhos e suas gangues
São pilhas, imensas pilhas de jovens
Mergulhados sobre a maré das drogas
Enfileirados e cheios de orgulho
Retirantes de uma milícia absurda
É a revolução do poder e do sangue
Uma nova novela, em horário nobre
E não vou assistir o seu final
Acabaram de me desligar desse mundo.
Quem sabe agora eu possa sonhar com uma nova revolução!