Que chora
Mora em minh'alma uma tristeza mortal,
branca, forte como vento,
singela no tormento,
erva daninha...
Rouba os sorrisos dos lábios,
o infortúnio da perda matinal
de cada sussurro azul, leve,
aconchegante da aurora da vida.
Pensamentos, copilam
sorver-se em intensa amargura...
até onde dói? o que me pertuba?
amargo, amargura, âmago!
Incomoda a quietude dos pássaros,
o ruir dos cansaços da flor
ao expôr, bela ou feia,
sua dose de vida, de força-seiva.
Se o que é de mais perene,
sólido em todo o meu ser,
é fragmentos dos atos entrecortados,
entrefeitos, entremeios, mal feitos...
indiferença minha, daninha,
dos olhos da criança que chorava,
do sorriso do mísero da esquina,
da podridão da queitude,
da beleza contrastante que me cercava...
Mal feitos, mal abraços, mal beijos,
sou triste pela incompletude que me extrapola,
pelos amigos com faces perdidas,
pelo amor que nao ousei ter...
Cava, amarga, fel da modernidade,
insanidade, olhos baixados ao peito...
quem sou eu, alma triste?
que consumação obtive?
Tenho a face chorosa,
depressiva, convulsa, piedosa,
da dor do amigo que me machuca,
do meu outro irmão que também chora!