VIVENDO NA CONTRAMÃO

Nessa vida não me iludo

Se fico mudo

Não quer dizer que sou fraco

Nasci, cresci, subindo o morro

E se hoje já não corro

É por que perdi as forças

Para poder sobreviver

A rua foi minha escola

Ao invés de jogar bola

Eu vivi cheirando cola

Pra sufocar minha vida

Esta minha vida errante

Ter que sempre ao traficante

Dar o meu melhor bom dia

Todo dia é uma luta

Para escapar da morte

E se hoje eu tiver sorte

Ainda posso ficar vivo

Mas eu sei que vou ser forte

Pra desentortar a vida

Quero acordar e ter o que comer

Pra não precisar vender

Droga pra classe média

Quero aprender a dizer não

Ao ladrão de gravata e cinto de fivela

Que durante a eleição

Cínico invade a favela

Depois manda a polícia

Me prender, cobrar a conta

Tenho cara de fome e de indigente

Quero ser gente

Já cansei de sofrer