O PAÍS DOS ABSURDOS
No país dos absurdos
Nada mais causa espanto
E por meio da poesia
Minha dor eu canto
Sei o que é carregar
Dentro de si um novo ser
E a cada dia
Uma nova alegria ter
Ver a perfeição
Presente da divindade
Que é ter o dom
Da maternidade
Lembro-me da felicidade
De poder amamentar
Toda vez que o bebê chora
E o que se pode fazer agora?
Está acontecendo uma barbaridade
É um grande extermínio
Em uma maternidade
Não é exagero
Muitas mães estão passando
Por um grande desespero
Por não viverem num país sério
Hoje elas choram num cemitério
Que não fica muito além
É logo ali
Lá em Belém
As autoridades vêm à televisão
Fazendo a colocação
De que é um caso isolado
Passando-me um atestado
De sua incompetência e inoperância
O povo não faz vigilância
E nisso que dá!
E o cidadão muito matreiro
Pergunta: Onde está o dinheiro?
Dos impostos que eu paguei?
Paguei pro país ser gigante
E não pra matar infante
Não foi pra isso que eu paguei!