O soldado do Haiti
Nos escombros do terremoto
Entre tantas fotografias
Vi um soldado sem rosto
Carregando uma criancinha
No manto de púrpura manchado
Que a criança encobria
Agarrava o corpo lesado
E as feridas, protegia
Suas mãos não só carregavam
Abraçavam o corpo e corria
Não vi sua identidade
Mas seu coração, eu via
A cabeça caída sobre o manto
Que o sangue já entrevia
Denunciava a dor e o pranto
Que aquele soldado sentia
Não vi seus olhos escondidos
Nem do rosto a expressão
Mas por baixo do distintivo
Vi seu grande coração
Chorei com a dor do soldado
Sem poder aquele corpo abraçar
E meu pranto foi um recado
Para que Deus estivesse lá
Quisera ser também um soldado
E aquele povo ajudar.