Soneto de um Bêbado ao Luar

Bebo! Não nego! Mas tenho os meus vários motivos...

Enquanto contemplo na beira do mar essa Lua cheia,

Lembro-me da minha vida, que não foi nada altaneira,

Cheia de tristezas e de perdas que vieram sem sobreaviso.

Depois de 20 anos numa empresa, perdi o meu emprego,

A razão que me apontaram foi a falta de capacitação,

Havia ficado ultrapassado, sem a dita cuja informação,

Fui posto pra fora, sem nenhuma demontração de apreço.

E depois de alguns meses desempregado,

Minha mulher pegou meus filhos e deixou-me,

Desapareceu, e a atitude de fato impressionou-me,

Fiquei sozinho com meus problemas, desorientado.

A partir daí, a minha esposa tornou-se a cachaça!

Ela é a minha fiel companheira, que nunca reclama,

É o liquido que me da força nova, acende-me a chama,

Chama da vida, mas também chama da morte espreitada.

Pune-me, pragueja-me, difama-me, pouco me importa,

Serás mais uma voz na minha coleção de opositores,

Que fingem querer meu bem, apenas pseudo-consoladores,

Os quais, na verdade, desejam ainda mais me empurrar na fossa.

Contemplo a Lua cheia, branca, limpa e romântica,

Abraçado com a minha companheira: a vermelha e preciosa garrafa,

Que tem o dom de me tirar desse mundo da tristeza e da trapaça,

E, enfim, beijo, semelhante a um galã de novela, a minha amada.

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Fábio Pacheco
Enviado por Fábio Pacheco em 27/07/2006
Reeditado em 27/07/2006
Código do texto: T202855