Soneto de um Bêbado ao Luar
Bebo! Não nego! Mas tenho os meus vários motivos...
Enquanto contemplo na beira do mar essa Lua cheia,
Lembro-me da minha vida, que não foi nada altaneira,
Cheia de tristezas e de perdas que vieram sem sobreaviso.
Depois de 20 anos numa empresa, perdi o meu emprego,
A razão que me apontaram foi a falta de capacitação,
Havia ficado ultrapassado, sem a dita cuja informação,
Fui posto pra fora, sem nenhuma demontração de apreço.
E depois de alguns meses desempregado,
Minha mulher pegou meus filhos e deixou-me,
Desapareceu, e a atitude de fato impressionou-me,
Fiquei sozinho com meus problemas, desorientado.
A partir daí, a minha esposa tornou-se a cachaça!
Ela é a minha fiel companheira, que nunca reclama,
É o liquido que me da força nova, acende-me a chama,
Chama da vida, mas também chama da morte espreitada.
Pune-me, pragueja-me, difama-me, pouco me importa,
Serás mais uma voz na minha coleção de opositores,
Que fingem querer meu bem, apenas pseudo-consoladores,
Os quais, na verdade, desejam ainda mais me empurrar na fossa.
Contemplo a Lua cheia, branca, limpa e romântica,
Abraçado com a minha companheira: a vermelha e preciosa garrafa,
Que tem o dom de me tirar desse mundo da tristeza e da trapaça,
E, enfim, beijo, semelhante a um galã de novela, a minha amada.
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