Portunhí
Esta poesia é uma homenagem aos menores paraguaios que são pedintes na fronteira. São crianças que falam, além do espanhol, o guarani e o português, daí esse neologismo (Portunhí) que eu criei para denominar essas criaturas tão queridas. São trilíngues, mas não gozam do direito mínimo como tal diante de tanta gente que, com muito dinheiro, faltam tropeçar nesses meninos e nada fazem... O texto é uma mistura das três línguas faladas por essas crianças.
Senhores, eu ontem vi
No degradê da fronteira
Este entrelugar bem aio
Desta pátria brasileira
E a do povo paraguaio
Uno de estos portunhís
— ¿Eres paraguaio, muchacho?
Pergunto em lengua da margem
Não caraí , soy portunhí
Falo português, espanhol,
Tengo sangre guarani.
Entre carros importados
Mulheres, homens sarados
TVs de tela bem plana
Gente que ama una plata
Uma lata na mão
E o coração alejado
Petrificado para estender a mão.
¡Una platita, chamigo!
Chega para um brasileiro.
Mi madre, mi hermanita
Che roga mi necessita
Apetecer un puchero.
Chega a tarde e hay dolor
E o mitaí portunhí
Vai para su roga mi
Sem compreender o AMOR!!!