Portunhí

Esta poesia é uma homenagem aos menores paraguaios que são pedintes na fronteira. São crianças que falam, além do espanhol, o guarani e o português, daí esse neologismo (Portunhí) que eu criei para denominar essas criaturas tão queridas. São trilíngues, mas não gozam do direito mínimo como tal diante de tanta gente que, com muito dinheiro, faltam tropeçar nesses meninos e nada fazem... O texto é uma mistura das três línguas faladas por essas crianças.

Senhores, eu ontem vi

No degradê da fronteira

Este entrelugar bem aio

Desta pátria brasileira

E a do povo paraguaio

Uno de estos portunhís

— ¿Eres paraguaio, muchacho?

Pergunto em lengua da margem

Não caraí , soy portunhí

Falo português, espanhol,

Tengo sangre guarani.

Entre carros importados

Mulheres, homens sarados

TVs de tela bem plana

Gente que ama una plata

Uma lata na mão

E o coração alejado

Petrificado para estender a mão.

¡Una platita, chamigo!

Chega para um brasileiro.

Mi madre, mi hermanita

Che roga mi necessita

Apetecer un puchero.

Chega a tarde e hay dolor

E o mitaí portunhí

Vai para su roga mi

Sem compreender o AMOR!!!

Aldair Lucas
Enviado por Aldair Lucas em 28/09/2009
Reeditado em 10/11/2009
Código do texto: T1835395