EXCLUÍDOS SOCIAIS
Eles brotam
como ervas daninhas
que se espalham
pelas periferias...
São como sementes transgênicas
renitentes ao calor
ao frio, as pragas
Aos vírus e a fome...!
Vagam
por debaixo das eiras
Pelas calçadas dormem
e nos tuneis germinam abandonados
amontoados em buracos mefíticos
ervas excluídas
em suas sinas
de desvalidos.
Nas portas dos restaurantes e semáforos
se revezam pedindo alimentos
depois correm para suas tocas
onde de qualquer jeito
Se alimentam
de qualquer jeito sonham
de qualquer jeito
fazem amor e dormem
Sem medo da violência
a que são expostospous são eles frutos
Da violência urbana
Do descaso político
Do preconceito social.
Recolhidos por sanitaristas
são desinfectados
depois despachados
pelos fundos das rodoviárias
O pleito eleitoral passou
Passaram os 15 minutos de fama
A exposição na mídia
Não são mais promessas
Mas excluídos sociais
sem teto
sem sonhos
marginalizados !
Tornam-se objetos descartáveis
que geraram votos oportunos!
Vivem como culpados
pelas estatísticas da violência
do analfabetismo
e das epidemias...
São feridas
de uma sociedade
Hipocrita e injusta
expostos aos conflitos sociais!
São negativos
que revelam na foto
a face da alma doentia
no País das desigualdades!!!
São mazelas hereditárias
seqüelas sociais
que permanecem no cerne das discussões políticas
gerando desgraças lucrativas
que suplementam verbas
votos !
Em temporadas eleitorais são outra vez caçados
abraçados
calçados e vestidos
alimentados
seus filhos beijados e embalados
motivados ao riso
Frente as câmeras da TV
Sem a vergonha
das bocas cheias de cáries!
Depois...
são despachados como indigentes
levando nos sacos donativos
e presentes baratos!
...
É tudo começa outra vez
pois nunca se cansam
de começar!
São matérias primas na industria do voto
da corrupção !
são os excluídos sociais .