Anjo Aos Cuidados De Um Bêbado

Eis que vejo com grande espanto

Pés de um anjo que caminha em pranto

Eis que vejo sobre a luz fraca

O choro da inocência que em meu peito aplaca

E é com horror que observo

A situação do verme que ressalvo

Aquele que devia cuidar

Pende numa cama a roncar

E o choro que ecoa pela casa vazia

Faz o inferno se encher de alegria

No céu os anjos clamam e Maria chora

Enquanto sozinha a criança por alguém implora

E em estado fétido o ser que dorme

Nem faz conta do clamor que pelo silêncio some

E a criança angustiada caminha sozinha

Pega o telefone que não tem linha

Liga pra mãe, diz “vem me buscar”

Mas ninguém o escuta ele ainda não sabe discar

E o tempo passa sem que o ser escroto acorde

E o olhar de Maria a essa criança acode

Desce do céu e o consola em seu peito

Daqui a pouco tudo se resolve pra Ela tudo tem jeito

E não é a toa que digo

Logo passou o perigo

Eis que em seguida chega à salvação

Abre a porta e depara-se com tal situação

E aquele ser monstruoso sequer se arrepende

Continua em seu transe entorpecente

Cheirando a sexo, cigarro e bebida

Estremece de dor e aparenta estar sem vida

Atravessa esse mundo sem perdão

Pois nem a inocência teve lugar em seu coração!