Mausoléus

Enrolado
no jornal
dorme
ao relento

Escola
medalhas,
catedral...
Procura em sonhos
alívio, alento

Há cura
para o seu mal?

Uma família
um mestre
um guia
um mentor

Seja o que for
apenas queria
abrigo
amparo
amor

Fria neblina
beija o rosto sujo
do puro anjo

Aliciado
maculado
indefinido
banido...

Oculto?

O exército dos excluídos
parece invisível
mas não é

Mariazinhas
Josés...

Livres de regras
leves de fome
escravos
do descaso

Comem o pão
envenenado
da corrupção

Bandidos travestidos
de políticos
líderes
empresários...

Desviam
fundos
fraudam
furtam!

Dedos imundos
latentes
propagam
a corrente
do mal

Perpetuam
a violência
as doenças da pobreza
a desigualdade social

Artífices da miséria,
saqueadores da nação!

Que um raio
lhes parta
o coração!

E jorrem
os cifrões
o ouro
a prata...

Opacos
sujos
espúrios!

E jorrem
o sangue
anêmico
e a carne magra
que vocês comeram!

E jorrem
os ossos frágeis
que vocês roeram!

E jorrem
as lágrimas
amargas
que vocês beberam!

Na falta
da Segurança
do Médico
do Alimento

da Habitação
do Saneamento
da Educação!

Vermes
engravatados

Soberbos
e
ínfimos!

Mergulhem
todos os dias
na podridão
de vossos
suntuosos
mausoléus

onde o choro
e o ranger de dentes

ecoam...
ecoam...

Impunemente!





Isabel Campos
Enviado por Isabel Campos em 04/05/2009
Reeditado em 04/05/2010
Código do texto: T1574868
Classificação de conteúdo: seguro
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