Um grito de liberdade
Uma caneta de ouro
O mesmo ouro que oprimiu e escrtavizou
Uma caneta de ouro
A tinta tinha a cor da nobreza
A prrincesa tinha sangue azul
De que grupo social ela veio?
A que classe pertencia?
A elite branca abastada jamais daria algumha coisa de graça
A libertação teve um preço!
Libertação, onde?
Aquilo não foi libertação
Talvez uma negociação para atender ao contexto da época
A final, a máquina acabara de surgir e...
Estávamos na Era da industrialização.
Era preciso libertar os senhores
A escravidão não dava mais lucro...
Tornou-se um peso manter um escravo.
A tal Revolução Industrial...
A tal revolução tecnológica foi tão fria.
E seus precursores..., calculistas
Exigiram e...
Insatisfeitos, fiseram a abolição.
A nova Era tecnológica chegara ao Brasil
Veio como um vento impetuoso
Soprou-se da Europa para cá
Veio varrendo tudo que era antigo
E a escravidão tinha mesmo que acabar
Esse era o grito liberal
Capital pra gerar mais riqueza precisa circular
Capital de giro
Mas como, se negro não tinha salário?
Então nasceu assim a idéia
Era preciso aos negros libertar.
Mas o negro mal sabia ler!
O que fazer com ele agora?
Nem mesmo o nome sabia assinar
Escola era só pra branco
Filho de senhor...
Áh, esse sim, iria virar doutor!
Negro ia pra lavoura
Filho de branco ia estudar
Quando sinhá não tinha leite
Quem iria amamentar?
Mulher negra via seu filho
Do seu seio era arrancado
Feito Inhame na lavoura
Pra cuidar do branco pálido
Esfolado feito animal
E largado à prórpia sorte
Esfolado até a morte
E largado à própria sorte
Quantos negros não morreram
Sonhando com a libertação
Mas ela veio sutilmente
Sem nenhuma mobilização
Veio com uma canetada burocrática
De quem promovia a escravidão.
Da cultura e dos costumes
O negro foi arrancado
Da família e dos seus filhos
Pra bem longe foi levado
Sua força e sua riqueza
Tudo foi ignorado
Pela brancura etnocêntrica
Áh, se o Oceano Atlântico falasse
Muitos gritos e gemidos
Poderíamos escutar
São os gritos de um povo
Arrancado de sua terra
São os afogados
Gritando por socorro
São os acorrentados
Doentes e maltratados
Sufocados pelas águas do do grande "Mar Tenebroso"
Navegar não era preciso
Mas negro não tinha escolha
Os opressores vieram bem armados
E lá no porão do navio
Multidões amontoados
Feito uma ruma de laranja
Se apodresser é descartado
O negro sofreu no transporte
Como um proscrito maltratado
Negro sofreu na lavoura
Cativo de outra nação
Negro sofreu por 4 séculos
Opróbrio da escravidão
Mas um guerreiro iluminado
Capoeirista de primeira
Com uma ginga ligeira
Surgiu pra libertar
Seu apelido era Zumbí
Líder e rei de Palmares
O libertador implacável
Dígno dessa homenagem
Viva a consciência negra!
Viva o 20 de novembro!
Viva Zumbí de Palmares
De janeiro à dezembro.
Todos os dias do ano
É dia de despertar
Uma nova consciência
Pois somos todos iguais
Sem nenhuma distinção
O negro se libertou da senzala
Agora falta aos brasileiros todos se libertarem
Do preconceito e da discriminação
Está na hora de fazer
Uma nova abolição
A abolição de todos nós
A libertação da consciência
Todos nós somos guerreiros
Dessa luta incessante
Acabar com o racismo
Deve ser nossa missão
Viva o 20 de novembro
O dia da conscientização!