PRAÇA DOS MÁRTIRES
[ou Passeio Público]
Aqui foi semeada a semente,
regada com a seiva de um ideal
– a liberdade.
Aqui, nesta Praça dos Mártires,
ao ombro do velho forte colonizador,
ainda menino, esse gigante baobá
viu crescer Fortaleza bem-amada.
Aqui tombou, mas com dignidade,
um líder da Confederação do Equador,
discípulo do frei Caneca,
o nosso intrépido padre Mororó.
Aqui, neste nicho de heróis,
tombaram, todos fuzilados,
outros batavos confederados
– Azevedo Bolão,
Feliciano Carapinima,
padre Francisco Ibiapina
e o Pessoa Anta.
Ali, adiante, na masmorra do forte,
finou-se de inanição Bárbara de Alencar,
nossa mártir e heroína,
o moral sempre fixo na liberdade.
Aqui, arena de cearenses revéis,
miradouro do velho baobá naturalizado
– hoje, Passeio Público de mulheres
e homens de aconchegos noturnos.
Ó Praça dos Mártires, nicho
e trincheira dos nossos confederados,
hoje, no teu abandono popular e oficial,
só teu baobá aculturado
te contempla e põe atalaia
aos teus desígnios históricos.
Os anos te exaltam, no tempo,
os bravos libertários e te reverenciam,
como, de resto, nós
– filhos dos teus fuzilados heróis.
Mortos, esses tombados
pela mão lusitana do despotismo,
mercê de seu inquebrantável heroísmo,
ainda vivem na memória
dos que cultuam a memória.
Fort., 19/11/2008