BOTAS DE CHUMBO

19 BOTAS DE CHUMBO

As veredas do tempo

não comportam mais

botas de chumbo.

É preciso que se as pise

com certa meiguice

e com alguma ternura

aveludada.

As pedras do tempo

só comportam a maciez de pés

solidários para a grande trilha

das auroras sem medo.

É preciso desmantelar,

ao compasso da autodeterminação,

os cogumelos bélicos

que infectam nações invadidas,

invadidas, arrasadas e divididas,

pelo simples fato de não lerem

na mesma cartilha de superpotências

celeradas e donas do mundo.

É preciso, absolutamente,

construir ao toque floral

da mais irrestrita liberdade

um mundo todo novo, com justiça,

mas, jamais, jamais, jamais,

calçando botas de chumbo.

Fort., 09/11/2008

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 09/11/2008
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