Noite na colméia dos humanos.

Noite na colméia dos humanos.

Nas calcadas, cadáveres

Exalam gazes fétidos e cáusticos,

Numa poça amarela de pus e gordura.

É noite na cidade, mas o sol pálido ainda não se pôs.

Mendigos transitam com feridas expostas

Mostrando vermes que os devoram vivos.

Ulceras melada prendem moscas e poeira.

É noite na cidade, e deus ainda não se levantou.

Crianças seqüestradas brincam de adultos

Na companhia de algum doente que lhes toca

Enquanto a baba escorre pela boca.

E noite na cidade, hora da infância interrompida.

É noite na colméia dos humanos. Bactérias e cultura.

Decadência e elegância. Sentinelas.

Praticar a desumanização organizada

Alicerces e conceitos ruídos com acido.

Nos escritórios maquinas trabalham. Barulho abafado, calor stress.

Os tecelões modernos fabricam necessidades

Ao som dos níqueis da indigência alheia.

É noite na cidade das luzes da mediocridade.

Nos apartamentos, travesseiros molhados.

Televisão no mudo e comida pela metade no prato.

Uma cadeira no chão e pés no ar. Silencio

É noite na cidade dos suicidas.

Nos jardins, arvores verdes cobertas de fuligem

Resistem à fumaça sufocando na agonia do automóveis.

Uma roseira nasce alheia à tudo que representa a cidade.

É noite na cidade, a brisa da tempestade se aproxima.

É noite na colméia dos humanos. Bactérias e cultura.

Decadência e elegância. Sentinelas.

A desumanização organizada

Alicerces e conceitos ruídos com acido.