INFORME INCENDIÁRIO

Queimaram um índio.

Queimaram, vivo, um índio.

Queimaram, vivo, um índio pataxó.

Incendiaram um índio.

Incendiaram, vivo, um índio.

Incendiaram, vivo, um índio pataxó.

Uma tragédia: atearam fogo

às vestes de um hã-hã-hãe,

enquanto ele dormia ao abrigo

de um ponto de ônibus,

no cerne do Distrito Federal.

Uma lástima: tocaram fogo

ao corpo de um hã-hã-hãe,

enquanto este dormia no banco

de uma parada de ônibus,

em pleno coração de Brasília.

Uma coisa hedionda: cinco

jovens de classe média alta,

utilizando um líquido inflamável,

carbonizaram um ser que dormia

- este humano era índio -,

um dia depois do Dia do Índio.

E tudo porque pensavam os cinco

bem-criados da classe média alta

tratar-se "apenas" de um mendigo.

Fort., 08/10/2008

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 08/10/2008
Código do texto: T1217032
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