O desfile do tempo

Na rua o desfile do tempo.

Jovens e seus isqueiros armados de revolta.

Armas na mão e agonias no peito.

O dia que passa na espera infindável de salvação.

O milagre somos nós,

resistência barata de um mundo derrotado.

Guitarras distorcidas abrem passagem,

cortam a multidão em fatias grossas.

Ouve-se o choro dos fracos,

o resmungo dos covardes e os gritos dos loucos.

Ninguém quer lutar, não vale a pena.

Um soco guardado e um ódio adiado.

Não existe miséria,

não existe derrota.

É tudo subjugado,

é tudo manipulado.

Esse amanhecer cinza recheado de esperanças.

A Tv ligada no medo, dose diária de terrorismo.

Cerco-me de grades por todos os lados:

um cachecol de arame farpado

e uma calça com sistema de alarmes.

Estamos na moda, na moda do medo.

Rafael Carvalho
Enviado por Rafael Carvalho em 09/08/2008
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