O desfile do tempo
Na rua o desfile do tempo.
Jovens e seus isqueiros armados de revolta.
Armas na mão e agonias no peito.
O dia que passa na espera infindável de salvação.
O milagre somos nós,
resistência barata de um mundo derrotado.
Guitarras distorcidas abrem passagem,
cortam a multidão em fatias grossas.
Ouve-se o choro dos fracos,
o resmungo dos covardes e os gritos dos loucos.
Ninguém quer lutar, não vale a pena.
Um soco guardado e um ódio adiado.
Não existe miséria,
não existe derrota.
É tudo subjugado,
é tudo manipulado.
Esse amanhecer cinza recheado de esperanças.
A Tv ligada no medo, dose diária de terrorismo.
Cerco-me de grades por todos os lados:
um cachecol de arame farpado
e uma calça com sistema de alarmes.
Estamos na moda, na moda do medo.