CEIFEIRA DA FOME
A CEIFEIRA DA FOME
Morena moira seara em fogo.
No Alentejo há foice sem chão
E o ventre plano não sabe, não!
È longo o dia, para a esperança.
Em desatino de sonho, dança
Colhendo sombras na ilusão.
E se os montes repousam
Nas cataplanas da fome,
As vinhas amargam o perdão…
Morena moira de sol nas unhas.
Vai no Alentejo armando o pão
E a boca em chiste não sabe, não!
E a noite em lenta combustão
Segue a morena sem pudor
Ao tálamo onde ingere o amor…
Todos os filhos dessa miséria
Têm sorrisos de silêncio
Sem forma sem cor sem razão…
Morena moira em morte missão
Prenha de mágoas, frutos feridos
Teu espólio, a privação!