meninos iguais

Debaixo da cama

O pretinho enjeitado

Cabelos de lama

Tremia assustado.

Vacilava com fome

Balançava ao frio

Hesitava o nome

Nem grito nem pio.

Era meia-noite

No branco da casa

Na casa o açoite

Do silêncio que arrasa.

E o escuro a acanhar

Razão, entendimento

Castigo a dobrar

Em pena e tormento.

Por cima da cama

Uns lençóis de linho

Um brilho de chama

Um tecto branquinho.

Num sono tranquilo

O gaiato levado

Barriguinha em silo

De contorno atestado.

Como trovoadas

No pêndulo estalam

Doze badaladas

Que o pânico exalam.

Um de cada lado

Muda a posição

O pretinho deitado

O branquinho no chão!