Aurora dos Afazeres

Mais um dia acordei

Biológica existente lei

Dádiva do acaso

E da deriva

Estou sempre atraso

Mas vivo a vida

Escovar os dentes

Ler uma crônica no jornal

Pente fino, as lentes

Atualizar-me na mesma manchete

De um crime do mal

Orar minhas ateístas preces

Ó aurora dos afazeres

Toda eloquência da manhã

Bom dia é isca

Que incandeia os sonhos

Da noite sem fatigas

E seus prazeres

Todo tédio de mais um narguilé

E um "transandro"

Trans-ando

Meu pé é de curupira

Cada esquina

Uma guerrilha

Que economizo quem me fira

Mais do mesmo

Será quem ainda beijo?

Hoje a solidão teceu várias linhas

Que ainda haja amor

E vaia às dolorosas rinhas!