Quando os muitos se calam.
*Quando os muitos se calam*
Entre os ecos de vozes amargas,
onde a crítica veste um manto ruidoso,
os poucos, em sua turba enfática,
erguem palavras num tom fervoroso.
São poucos, mas seus sons invadem,
como trovões numa noite escura,
fazem do silêncio dos muitos
uma ausência que fere, que fura.
Oh, onde estão os que amam em silêncio?
Por que não rompem a calma do ar?
O amor também precisa ser dito,
ou as trevas podem triunfar.
Nas sombras da indiferença adormecida,
o bem se esconde, tímido e manso.
Mas o ruído do pouco insistente
parece sempre crescer em avanço.
Quando os muitos se calam, o mundo vacila,
o ruído pequeno se torna muralha.
É tempo de erguer vozes ao vento,
pois o amor, quando dito, nunca falha.
Que o barulho do afeto seja música,
que o silêncio não seja mais prisão.
Pois a força dos muitos unidos
é maior que qualquer solidão.
*Vasco Toledo*