Falso lume
"É a luz do sol que encandeia
Sereia de além mar
Clara como o clarão do dia
Marejou meu olhar
Olho d'água, beira de rio
Vento, vela a bailar
Barcarola do São Francisco
Me leve para o mar" (Geraldo Azevedo)
Falso lume
E a luz do Sol
não mais encandeia
a sereia de além mar
agora a mão do homem
guiada por uma cabeça má
provoca incêndios
causa vilipêndios
polui o ar
diminui imensidões
apaga as estrelas
tira o brilho do luar
Assusta até Iemanjá
Tudo virou bruma
cinza
e a noite vai chegando ao meio-dia
E só por picardia
tem gente que ainda é negacionista
Atribui a Deus
o castigo pela falta de fé
ou ao diabo
como vingança de ser contrariado
em suas determinações
Só sei que procuro
racionalidade
quiçá bondade por onde ando
gente que busca lindeza
apesar da fumaça
do poente que assusta
do vermelho
que não é natural
e se até o Sol se inquieta
e assume tons agonizantes
como crer na humanidade?
Quem vai expurgar alguns espíritos do mal:
quem vai segurar a mão incendiária
que age sozinha
ou a mando do patrão?
Olho d'água,beira de rio
velas a bailar
Barcarola do Velho Chico
rumando para o mar....
pode virar pintura só na memória
poesia?
só ela seguirá como candeio
para atrair sereias
botos
amores
sonhos
olhos marejados
carregados de lembranças
bonança...
Quem não entende os sinais
quem não se acha parte da natureza
sabe amar?
Amarilia T Couto