Um beco
Um beco onde ninguém esteve.
Uma interseção de ruas vazias de uma cidade inatural;
Esquecida por Deus já que por homens haveria de contar algumas histórias...
E ninguém ali esteve, de qualquer maneira, ninguém amou nem sentou-se no cordão da calçada.
Só há uma casa abandonada com janelas frias e escuras,
E o mato que a circunda; e objetos obsoletos manchadas pela chuva.
Uma umidade que dá tom de senilidade ao beco e à casa,
E só eu ali por vezes me sento no cordão a fumar filtros vermelhos
Bêbado, refletindo: “Estou aqui? Estarei mesmo aqui?” E por fim noto que, no desespero da vida deixada, com vertigens e ameaças; com arrepio de sentir-me mas não de ver-me, percebo aterrorizado que ninguém ali esteve.