A nuvem...
Estive embrulhado por uma nuvem negra
estive, por horas, dias coberto, me vi
defronte de amargas sensações
que roubaram-me à temível sonhos.
A cada segundo
dos infinitos momentos,
vívidos,
subtraídos foram,
por milésimos, a sair, a escapar
de tudo, a posasse deste corpo,
a restar-me apenas angústia.
Estive obstinado por esta nuvem negra
a forçar-me querer, sentir, sonhar, a deixar
na cabeça o rebuliço e no coração o amargo
marcado na face frieza, destilado à medo.
Estive a deitar, no espaço vazio, frio
e a única forma, fora me agarrar nestes pedaços
de retalhos, amontoados na cabeça, a restar-me,
como morfina,
face sem gestos- frieza
Estive, ressuscitado de atormentado sentimentos,
condenados,
passados, a reduzir-me à mínguo desnecessário.
Estive num sonho,
real.
Acordei,
a nuvem passou...