A nuvem...

Estive embrulhado por uma nuvem negra

estive, por horas, dias coberto, me vi

defronte de amargas sensações

que roubaram-me à temível sonhos.

A cada segundo

dos infinitos momentos,

vívidos,

subtraídos foram,

por milésimos, a sair, a escapar

de tudo, a posasse deste corpo,

a restar-me apenas angústia.

Estive obstinado por esta nuvem negra

a forçar-me querer, sentir, sonhar, a deixar

na cabeça o rebuliço e no coração o amargo

marcado na face frieza, destilado à medo.

Estive a deitar, no espaço vazio, frio

e a única forma, fora me agarrar nestes pedaços

de retalhos, amontoados na cabeça, a restar-me,

como morfina,

face sem gestos- frieza

Estive, ressuscitado de atormentado sentimentos,

condenados,

passados, a reduzir-me à mínguo desnecessário.

Estive num sonho,

real.

Acordei,

a nuvem passou...

Madaya Silva
Enviado por Madaya Silva em 21/06/2022
Código do texto: T7542851
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