Estatísticas
Somos os miseráveis
Famigerados de pão
A mancha da sociedade
Que acredita no futuro da nação.
A escória aos olhos altivos
Sem tetos, alimento, emprego
Disputando com ratos o lixo
Sem escolhas, faz da fome seu tempero.
Olha-se o nada na dispensa vazia
Fome de justiça, de saúde, educação
Adiante promessas sem garantias
Que incitam a nossa alienação.
Que será desta pobre nação rica
Do seu povo clamando na bancarrota
Reféns da politicagem sombria
Iludidos fazendo cruz na boca.
Olhos perdidos buscando soluções
Barriga roncando, engolindo vazios
Na mesa a incerteza como refeição
Treme-se de medo, dor e frio.
Não é só um vírus que mata esta nação
Morre-se pelo descaso
Dos poderosos debaixo dos panos
Da corrupção manipulando os fracos.
Que tiveram seus direitos usurpados
Pela minoria bem nascida,
Da omissão, da opressão de tantas vidas
Comendo nossas carnes mal nutridas e esmagando nossos ossos sob a pele ressequida...
E nos noticiários, somos nada mais que estatísticas.