Anil
A morte muda todas as pessoas.
Meu tio, coração inacessível,
era só mais um
no meio de tanta gente
naquela pobre casa de pau-a-pique
Meu tio, coração inacessível,
quando o irmão morreu,
mostrou-me os olhos azuis mais bonitos
molhadinhos de chorar...
Primeira e única vez.
Então, eu me lembrei das bacias
cheias d’água e de anil
onde Mamãe clareava ternamente
as roupas da família.
(Talvez seja por isso
que eu gosto tanto dos teus olhos azuis)
(Pitangui, MG, 12/08/1968)