FANTASMA
Ela deita pAra dormir, mas não tem sono.
Lá fora a chuva cai sem misericórdia criando barulhos constantes na janela.
Então ela vira para o lado; ele está dormindo pesado, nem nota quando ela se levanta.
Os objetos no escuro movem-se como sombras imaginárias, são fantasmas do passado que gostam de vê-la acordada nas madrugadas de tempestade.
Ela abre a geladeira, mas nada parece agradar. Sente uma vontade enorme de fumar um cigarro enquanto sente o vento salpicar seu rosto com a chuva, mas ela sabe que não há cigarros na casa, se desfez deles há uns anos atrás quando o conheceu.
Seu corpo estremece, entretanto não sabe se é pela brisa gelada que acaba de passar pela porta ou se algum fantasma se aproximou demais. Ela afasta a memória e fecha a porta, não quer mais sentir calafrios.
Um copo de leite quente parece ser o suficiente para afastar o frio do corpo, talvez até do coração, de qualquer forma vale arriscar.
O trovão clareia a sala e ela vê uma menina sentada no sofá com medo, chorando, mas não sabe se é ela mesma ou se é só mais um fantasma.