UMA CASINHA QUALQUER
Sobre a aridez desse insano solo
E sob a liquidez desse extremo céu
Ergo-me como uma canção escrita no silêncio...
O meu interior sombrio
É cheio de vazio e de sonhos invisíveis.
Nutro ilusões calculadas,
Hoje, abrigo escombros de esperanças despedaçadas.
Sou pouco habitada. Em que pese, a contenção dos gestos e falas,
Aqui dentro, o Sertão expande-se com voracidade
Muito mais longo e mais fundo
Do que os ares translúcidos de fora.
Sou uma casinha qualquer
A ouvir o soluçar do vento no chão
A ecoar a música da solidão.
Sobre o meu telhado ouço passos...
É a incerteza do mundo a caminhar
Por entre cacos, na tentativa de se equilibrar...