UMA CASINHA QUALQUER

Sobre a aridez desse insano solo

E sob a liquidez desse extremo céu

Ergo-me como uma canção escrita no silêncio...

O meu interior sombrio

É cheio de vazio e de sonhos invisíveis.

Nutro ilusões calculadas,

Hoje, abrigo escombros de esperanças despedaçadas.

Sou pouco habitada. Em que pese, a contenção dos gestos e falas,

Aqui dentro, o Sertão expande-se com voracidade

Muito mais longo e mais fundo

Do que os ares translúcidos de fora.

Sou uma casinha qualquer

A ouvir o soluçar do vento no chão

A ecoar a música da solidão.

Sobre o meu telhado ouço passos...

É a incerteza do mundo a caminhar

Por entre cacos, na tentativa de se equilibrar...

Gil Guimarães
Enviado por Gil Guimarães em 09/08/2020
Reeditado em 09/08/2020
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