Dois pra lá, dois pra cá.

Foi naquela bagunçada

Gente indo, gente vindo

Sem sentido, sem direção nem onde chegar.

Dois pra lá, dois pra cá

Uma muvuca quente

Suores escorridos pelos rostos

Um canseira de contente

Roupas de todos os gostos.

Eu espantado com aquilo

Vai-e-vem sem cessar

Boquiaberto, muitos sorrisos

Seria um ritual pra acasalar?

Aquela rapazela toda nos bons trapos

Mulheres muito bem perfumadas

Se achegavam e partiam para o abraço

Ô gente animada!

Eu curioso de mim

Não parava sequer um segundo de olhar

Moça bonita, cheiro de jasmim

Convidou-me: vamos dançar?

Eu sem saber o que dizer

Fui arrastado para o meio do salão

Disse: não sei como fazer!

Ela disse: dê-me sua mão.

Dança é coisa boa e fácil

Não precisa complicar

Xote é um ritmo muito agradável

É dois pra lá, dois pra cá.

E ela começou a sussurrar por todo salão

Um/dois um/dois um/dois sem parar

Indo-vindo, vezes na contra-mão

Envolvi-me, remexi até o dia clarear.

E foi assim noite no rítmo profundo

Entreguei-me ao prazer de dançar

Esqueci os problemas do mundo

Vive intensamente sem pensar.

As luzes se apagaram

A multidão sumiu

A alegria foi se embora

A Jasmim nunca mais se viu.

Todas as noites de domingo

Vou aos bailes sozinhos

O cheiro de jasmim as vezes me faz lembrar

Dois pra lá, dois pra cá.