Insônia
Insônia
Está na hora de dormir,
mesmo não estando
cansado.
Não abraço nenhum
travesseiro e logo vejo
que o menino já não
está mais do meu lado.
Vou deitar agorinha
mesmo desse lado errado
e esperar que ninguém
venha á porta querendo
do meu cacho tirar um
pedaço.
Vou colocar mais
um pingo nos is,
comer mais um
doce fiado.
Vou dizer para o flamingo
que sou um viado.
Vou deitar e mesmo
assim continuar
acordada, esquecida
do tempo e querendo
estar ao seu lado.
Vou falar e seguidamente
continuar calado, levantar
e tentar te telefonar
por cima do telhado.
Vou cantar e gritar
ainda completamente
reservado.
Vou beber com a
boca fechada, ir e voltar
sem encontrar nada
— cada vez mais atordoada.
Vou perder mais
esse sentido e
encontrar algo novo
no achado.
E nesse ir e vir,
perder e achar, que
vou procurar algum jeito
de só uma parte de
tudo mostrar.
Em uma noite que vai
o dia inteiro durar.