Divindade incomum
Amo-te assim atônita Musa
no desdém da demência morta.
Despida no altar inconcebível
inspira-me ao mesmo tempo
a devoção e a impostura.
Perdido na admiração poética
dos cenários provocantes
és o caos da solene melodia
além da matéria sensual eterna.
Vestem-se assim os versos do poeta
em estado intermitente de delírios
exalando a rosa que a sorte aniquilou.
Sentenciado no grito da carne
para vingar a flor entre fezes e urina
o estado febril alonga-se no canto
da incansável luz que a tudo assiste.
Enleva-se o impulso na dimensão
passional da tessitura concreta
montando grafite sobre grafite
para a lapidação da magia
em manso lago azul fremente.