Divindade incomum

Amo-te assim atônita Musa

no desdém da demência morta.

Despida no altar inconcebível

inspira-me ao mesmo tempo

a devoção e a impostura.

Perdido na admiração poética

dos cenários provocantes

és o caos da solene melodia

além da matéria sensual eterna.

Vestem-se assim os versos do poeta

em estado intermitente de delírios

exalando a rosa que a sorte aniquilou.

Sentenciado no grito da carne

para vingar a flor entre fezes e urina

o estado febril alonga-se no canto

da incansável luz que a tudo assiste.

Enleva-se o impulso na dimensão

passional da tessitura concreta

montando grafite sobre grafite

para a lapidação da magia

em manso lago azul fremente.

ubirajara almeida
Enviado por ubirajara almeida em 17/12/2018
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