Fumaça 4
Sinto-me péssimo
Todos os dias
E reajo ao mal-estar
Com a falta de motivação
Não fico pela largura
Do acontecimento das coisas
Vivo-as antes de se concretizarem
Não prevejo o futuro
Somos fazedores de destinos
Busco mais do que um momento
Defendo a vida
E a vida por metades não me agrada
Drogado
Fumo a esperança por ser verde
Fumo a ponta do cigarro
A forma aérea da minha cor
Símbolo de vitória
Entre anos sem glória
Num país que vai a nenhures
É a confiança na desconfiança
Carregado de carvão
A meio gás mas em pé
Sou a personificação dos queimados
O rosto da degradação
Entrego-me à escravidão
Como forma de sobrevivência
Desconhecendo o amanhã
Treino a calmaria
Deixo-me intoxicar
Elevo as preces ao espaço
Torno-me vapor.