Corpos Quebrados

Sentei no meio-fio

pois hoje é sexta:

sem preocupação,

mesmo com frio.

Sexta é dia; hoje:

nada de negação.

Apenas tomar,

tomar e ficar a

meio fio, a olhar

o movimento e

tudo o mais passar.

Copos em mãos.

Conheço duas ou

três pessoas: ao

meu redor estão.

Bebem comigo,

sem preocupação,

mesmo com frio.

Sexta é dia; hoje:

não será em vão.

Apenas fumar,

fumar e cheirar

o meio-fim no ar.

Cigarros em mãos.

Passa um, eu

não conheço.

Para um, eu

não mereço.

Copos quebrados.

Tento, mas

não dá. Não

dá. Não deu.

Sento, mas

não dá. O

horror, o

horror.

Cigarros quedados.

Quem estava aqui

correu para longe,

aos gritos. Hoje é

sexta e aqui, correu

ao longe o grito.

Duas ou três me

perfuraram. No

meio-fio, a olhar,

o meio-fim. O

cheiro inconfundível.

A cor inconfundível.

A luz amarela e

o céu escuro

constrastam o

que sai de mim.

A luz amarela e

o céu escuro

retratam o

contemporâneo

meio-fim.

Deitei no meio fio,

de olho nos copos

quebrados. Faz

frio.