Segurar a primavera entre os dentes
Nesse final de ano
Segurar o amor
não deixar ele passar
por nenhum vão
da lógica
ao devastado coração
E mesmo assim acreditar em sonhos
Prender a dor
dividir-se
negar
lutar
não deixar
a primavera passar
entre os dentes
E ainda se surpreender com o universo se refletindo no detalhes de todas as coisas
Salgar a cor
do mundo
com lágrimas
ao saber da queda do herói
do tropeço da deusa
do oco do santos
da altura intencional de todos os tronos e palcos
do quanto que nós fantasiamos de perfeitos
cada símbolo que acreditamos
E chorar, sentir, e se desarmar porque não há como impedir o sofrer
As vezes
amadurecer
não é racional, nem pensamento
as vezes é aceitar a flor
que nasceu sem a gente pedir
no chão da fabrica do que seja lá o que for
esse existir e que nos faz esse mistério
que somos.