Notas de Primavera
 
Paro o carro e contemplo, sem descer, o roxo da flor.
É beleza nua, posta diante dos olhos.
Não cobra a atenção. Vê quem quer.
Está lá. Aguarda o olhar contemplador.
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Linda, leve primavera.
Chega com ares de livramento.
Arranca do peito o tempo gélido do inverno.
Inaugura a estação das flores.
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Estação que marca o movimento,
Da alma sedenta do florescer.
Sou jardim irrigado e plantado.
Sou o novo. O tempo. O prazer.
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Quase passei desta vida.
Dor no peito, senti.
Era o coração dando sinais.
De que o cuidado chega por mim.
Tratei as horas com zelo,
Levariam-me à primavera.
Ser novo me fiz.
Flores colhi, no jardim do peito meu.
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Primavera rima com perdão.
Rima com a métrica da desilusão.
Sequência de versos desconexos,
Enraizados no profundo do meu chão.
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Pequenas notas que marcam o compasso.
Registram o que a alma sente – gratidão.
Pelo ciclo que não se fecha,
Resta a flecha. O alvo é punição.
Volta-se para o tempo novo.
Primavera. Flor roxa. Olhar ingênuo.
É a beleza dando sinais ao coração.