No sabor da poesia
Não me conte da noite.
Deixe. Deixe-me sentir.
Deixe-me desenhar
Sobre um céu escuro,
O sussurro do vento
Chamando minha rede
Dentro da varanda.
Quero sentar-me ali com meus netos.
Escorrega de novo por entre as telhas
Um leve fio de chuva,
Caindo, caindo
Nas folhas do cajueiro.
É mês de julho.
As mãos, pequenas e delicadas,
De João e Bruno,
Estão procurando folhas de caju
Olhando-as carregadas de gotas
E as florezinhas murchas
Deslizam para o chão.
Quanto mais vivo... mais admiro
A natureza humana por ser capaz de sentir!