Bananeira

Não sei se seria melhor ser uma bananeira

Que não sabe porque vive, mas vive

Não tem maiores obrigações do que ser uma bananeira

E se sente, talvez não sofra

Não distingue

Vive ininterruptamente

Sem dar nomes ou pontos de interrogação

E quando morre

Não sabia o que é morrer

Porque não sabia o que é viver

E então parece que vive mais contente

Ou apenas o suficiente

Sem querer que seja pra sempre

Sem as mentiras e as verdades humanas

Suas palavras malditas

E sem as verdades além das nossas sombras

Eu vejo aquela bananeira lá, distante, em um bairro alto

Imperturbável

Apenas vento, chuva, nuvens, formigas, sol

E apenas isso