O ESPELHO

 

Era um espelho egoísta

Que nada refletia,

A não ser a si mesmo.

 

Não enxergava, não sentia

A imagem do outro, apagada,

Ele só inflava,

E aos poucos rachava,

E nem percebia.

 

A ferrugem carcomia

Os seus cantos bisotados

Enquanto o orgulho encobria

O seu aço desbotado.

 

O espelho egoísta

Só falava de si mesmo,

Carregava como fardo

Aquilo que ele chamava

De glorioso passado.

 

 

Se achava um espelho mágico,

Mas era um reflexo trágico

Daquilo que ele escondia.

 

E o espelho orgulhoso

Refletia só o abismo

Profundo, onde vivia.

 

*<>*

 

Tem gente que não escuta. Escutar é um dom, e um sinal de generosidade. Há quem te procure e pergunte como você está apenas para falar de si mesmo.

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 06/08/2024
Reeditado em 06/08/2024
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