O ESPELHO
Era um espelho egoísta
Que nada refletia,
A não ser a si mesmo.
Não enxergava, não sentia
A imagem do outro, apagada,
Ele só inflava,
E aos poucos rachava,
E nem percebia.
A ferrugem carcomia
Os seus cantos bisotados
Enquanto o orgulho encobria
O seu aço desbotado.
O espelho egoísta
Só falava de si mesmo,
Carregava como fardo
Aquilo que ele chamava
De glorioso passado.
Se achava um espelho mágico,
Mas era um reflexo trágico
Daquilo que ele escondia.
E o espelho orgulhoso
Refletia só o abismo
Profundo, onde vivia.
*<>*
Tem gente que não escuta. Escutar é um dom, e um sinal de generosidade. Há quem te procure e pergunte como você está apenas para falar de si mesmo.