C'est la vie

Fechados em um corpo tão frágil

Agitados pelo presente constante

Ocupados por compromissos inúteis

Selados por um destino adiante

Que pode mudar a qualquer momento

Ou se manter o mesmo até o fim

Como as nuvens

E, então, com desânimo, concluímos que "assim é a vida"

Sem trégua

Sem descanso

Sem refúgios

Sem saída

Nem com as artes

Nem os quadros, nem as músicas conseguem abafar o mantra

De continuarmos caminhando

De continuarmos seguindo a estrela brilhante

Que chamamos de esperança

De continuarmos nos enganando

Mas é assim que se vive a vida

Se sabendo que é um sonho

Também, com frequência, um pesadelo

Que nunca despertamos

Ou de fecharmos os olhos para o único caminho que andamos

E acreditarmos nas palavras

Sereias do mediterrâneo

Serpentes que brilham e nos incutem o medo dos anos

Até que um dia, o veneno se espalha

E a morte nos encontra

E alguns chamam de

Chamado

Revelação

Passagem

De passagem para um outro lado

Que parece vazio e silencioso demais...

Sem mais essa luta contra a entropia

Sem mais toda essa tensão

Sem mais pulsos ou ereções

Sem mais distúrbios ou eleições inúteis

E c'est la vie

Enquanto eu gozo na vela quente em uma noite escura

Em um ritual sem pudor

E se me chamam de louco

Mas sou apenas mais um espelho em que se enxergam

A igualdade de um mesmo desejo

De superar todo esse horror

E também se entregam

Inevitável desejo

Inevitável horror