Feminologia do mundo: A origem da vida em ode e transe

Cobre rosa no meio das romãs

Sumo de maracujá do fruto da maçã

Vislumbre do sonho,

Portal das deusas pagãs

Líquido beijo à morte, êxtase, o sono

Languidez sensível da luz

Transnascem Lilith, Vênus, Hera, Ísis, Iansã

Dança eterna, retração do mar e constelações

Orvalho da relva, fel purificador

Triângulo realinhado entre

a seda das noites e das manhãs

É poesia em pele, lírios d’água diluídos no olhar

A beleza da magia, fusão de heroínas e vilãs

Simbólicas Marias, Helenas, Cleópatras, Capitus

Do desejo à perseverança louca e sã

Simples, arrojada, sensual, Amazona

Flora e néctar da natureza

Centelha de entidades primevas

Recria povos, a passagem das nações

Reencarnam Hatshepsut, Hipátia, Safo, Cristina, Joana

Sensível sobreposição de pétalas,

Impassível, composição de quartzo, cristais, obsidiana

Ao teu poder, do pó revivem-se vórtices

Partículas dos átomos e do tempo

Inexorável espaço intrincado das cores e sensações

Metamorfose de Quitéras, Inannas, Fridas e Iracemas

Relicário da vida

Sagrada, amoral, mágica, vã

Rainha do destino,

Entre punhais e balanças

Tuas taças de sangue e licor,

Desenham e invocam a conjuntura humana

Ressurgem Simones, Clarices, Virginias, Conceições e Hildas

Do fim ao começo

Espiral da atemporalidade,

Metafísica suspensa dos diversos firmamentos

à terrena carnal realidade,

Passagem de mundos

Encerra-te, gera e flui a semente do feitiço,

A conjuração física do passado e do amanhã.

Laura Mancini
Enviado por Laura Mancini em 12/05/2024
Reeditado em 15/06/2024
Código do texto: T8061744
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