Fome
Estou com uma fome.
Uma fome que interrompa
meu rompante de impaciência.
Que sacrifique meu cansaço
de eras,
de vergas,
de peste.
Estou com uma fome
de ira,
de sacrilégios,
de verves.
Se reverbero meu verso,
meu nexo,
meu sexo,
no sim deste saciar
de significâncias.
Ainda aqui nesta constância,
nesta gana desesperada
de milagres pequenos,
cotidianos sopros de Deus.
Não, ainda sem a fome de adeus,
sigo.
Signo de muito recomeçar.
Fome apenas de novas
poeira suspensas de ouro
nas encruzilhadas
do renascer.
O amanhã sempre pode
ser o banquete da novidade
e do enfastio.