Autobiografia de um poeta medíocre

Eu nunca fui um garoto esperto,

Se era Inteligente? Não sei quanto.

Nunca fui muito travesso, decerto,

Mas também eu nunca fui santo.

O lugar onde nasci não foi perto.

Lá eu chorei meu primeiro pranto.

Embora não fosse um lugar incerto,

Era um endereço difícil, entretanto,

Era uma casa de sítio, eu te alerto,

Não tinha energia elétrica, portanto.

Nasci à noite com o sol já encoberto.

Com malassombro, não me espanto.

Fui criado no sertão, quase deserto,

Bebo água de barreiro, que decanto,

Se não assentar eu não me aperto,

Encho a caneca e bebo um tanto.

Cresci, estudei, trabalhei. Sou certo.

Casei, tive filhos, sou feliz, garanto.

Se faço algo errado, logo conserto,

Sei que só colho aquilo que planto.

Para encerrar agora o que disserto:

Estou aposentado e no meu canto,

Faço o que há muito tempo flerto.

Faço versos para curar o "quebranto".

Recife, 21/12/2021

Luís Xavier
Enviado por Luís Xavier em 08/09/2023
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