A Desdobra
Em meio ao inanimado
Eu me levanto
Transpondo janelas
Alargando fendas
Ao alto olho, avante
As minhas horas são vastas
Que à minha frente tudo é
E minhas células são faíscas
Venho à tona em meus lugares
Resido no além das épocas
Tudo delibero no que tudo sou
Porém, calma, não se assuste
É por amor e com alma
Com força bruta e de todo jeito
Vejo coisas reais e desnudo
Carcaça forte pela vida
Para a vida
Sou inédita e sem censura
A volta da chave sem fechadura
Sou longe e toco altos caminhos
Eu me tremo junto às baixas nuvens
Passo pelos reinos de neve a deserto
Sem machucar
Não conto mentiras ou me desfaleço
Sou una e me contenho
A grita e o eco do que nunca antes
Descasco, marco-me, cicatrizes sim
Mas não me quebro ao contato
Eu me levanto, ao alto os olhos
Avante, não paro
Sei das brechas por onde me dilatar
Desloco linhas e difamo margens
Não rastejo nem reconheço o chão
Sou mensageira da altitude
Somos longe