ÍCARO INCOLOR
Sentia que deveria ir atrás
da minha noção de tempo.
Vrap... Vrup... O tempo foi
sem dizer aonde iria,
sempre a frente de qualquer expectativa,
embora tivessem calendários
em suas casas para cimentá-lo.
Sempre voei de asas plenas,
aonde o vento me levava
me permitia ir com prazer,
num encanto falsário de alguma perdiz
sólida e encantadora,
tristonha e majoritariamente
atormentadora aos meus olhos.
Alguém tão pequeno quanto eu
reconhecerá em mim todo o contexto,
e enquanto vagueio nas trincheiras
imprecisas de minha mente sonhadora,
entrarei em florestas espinhosas,
sangrarei nas terras áridas do solo
e serei outro indivíduo, uno e só.
E em cada nova aventura
outra porta aberta a voar,
um novo consentimento interior,
outra proposta que o coração pulsa
e o corpo reage, mesmo sedento
por outras aventuras fugazes.
É o preço que se paga pela coragem,
onde a profusão de medos
ultrapassa todo e qualquer limite.