Eu resido só...
Eu, em mim, resido só.
Afago meus desenganos,
Escuto a chuva no telhado...
Abro a camisa e sinto o vento.
Sou desses solitários que ama
A escrita sem compromisso; eu vou
Ilustrando com letras a minha angústia...
Eu me banho nas águas de um rio ideado.
Eu sei andar às margens de um rio inventado.
Sei sofrer pelas lágrimas desperdiçadas a ela.
Que vontade de não ter vontade de nada e ser
Feito passarinho: voejar, assentar, gorjear, voar.
Depois; inventar de não ser mais poeta; a poesia não
Me engana mais o peito. A dor que me dói é autêntica.
Tão real que minhas letras caminham de cabeças baixa
Pela dor que me gasta a alma e me deixa triste e sereno!