PASSOS ONDE JÁ HOUVE
PASSOS ONDE JÁ HOUVE
Já houve um deserto amazônico,
E também foi floresta o Saara,
Como um lado de mar é sinônimo,
Mas o meio do mar nunca para.
Tudo muda de tempos em tempos,
Como um rio reforma seu curso,
E por onde já houve adventos,
Pode ser um lugar sem recurso.
Os planetas do sol se formaram,
Mas só um foi capaz de ter vida,
Pois ficou onde anjos moraram,
Como um éden que nos convida.
Nesse chão onde há fogo e água,
Seus recantos nos deram um lar,
Como um jogo em contos de fada,
Que permitem o direito a sonhar.
Como em nossa missão ou jornada,
Tudo requer um compasso ou tear,
Com a régua e a trilha anotada,
Que os cometas demonstram no ar.
Mas se lá fora não há alimento,
Eu procuro o que cresce ao luar,
Desde quando meu sol é fermento,
Que aquece a panela e o jantar.
Só é preciso o uso com esmero,
Pra não ter que mudar de lugar,
Como o lar da Medusa e do Mero,
Quer o direito de se sustentar.
Não jogar nosso lixo no mangue,
Nos permite os banhos de mar,
E como a vida precisa de sangue,
Os corações também querem amar.
Tudo é parte da nossa história,
Desde quando houver terra e mar,
E o composto de gozo e glória,
São segredos de quem sabe andar.
Mas os passos suportam a idade,
Que são largos em ágeis garotos,
Ou de acordo com a necessidade,
Como cabe ao destro ou canhoto.
Pois a vida quer serenidade,
Mesmo quando há chuva violenta,
Se o sábio nos ouve à vontade,
Mas nos pede a paz sem contenda.
Porque dizem que guerra traz paz,
Incitando a todos com as armas,
Mas, aos tolos, conflito só traz,
Pesadelos que não salvam almas.