MEDO, TEMPERO E SAL

MEDO, TEMPERO E SAL

 

Um dia eu falei a meu medo,

Que de nada adianta o temor,

Se os dias vêm tarde ou cedo,

Mas ele é só um cobertor.

 

E foi desse jeito que veio,

Aquele carteiro voador,

Como pombo que foi correio,

Mas com toda guerra vem dor.

 

Alguém pensa em paz pela guerra,

Mas os homens degustam o horror,

Pois importa é ser dono da terra,

Sem lembrar do que seja um valor.

 

E as guerras iludem o que sou,

Se são egos de quem só tortura,

Tudo isso enquanto eu estou,

A sofrer nessa louca aventura.

 

Sou da paz e comungo na terra,

Pois o vinho e o pão traz raiz,

E o azeite faz bem e tempera,

Mas o ninho no chão tudo diz.

 

Só então, eu adentro à Terra,

Vindo de um portal sideral,

A dizer que morrer não encerra,

Cada voz que é tempero e sal.