ÚLTIMA ESTROFE
Por uma discreta distância observo...
A janela vestida por uma cortina de renda branca
Pareceu-me formosa noiva em ornado altar
Através de sua diáfana veste, percebia em moldura
Um límpido dia em resplandecente azul
Surge o vento, perfumado com fragância de mar
Talvez estivesse acariciando semblantes apaixonados
Ou quem sabe trasportando inspirações sublimes
A corações repletos de amor
De súbito, faz-se suave brisa
Arrebata a cortina, agora sua amada noiva
E por entre minutos que clamam por eternidade
Recebe em seu alvo corpo prazerosa e envolvente carícia
Desdobra-se e recria-se em graciosidade sensual
Sentindo-se amada, reina absoluta em ares de prazer
Cessa a brisa, vai-se o vento...
Resta pesaroso silêncio, testemunha muda
Guardião de tristes devaneios, segreda em si
A última estrofe do que fora poesia em amor.